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Desfile Etnográfico - Festa da Família Agrária
Desfile Etnográfico A Nossa Gente, a Nossa Identidade
O Desfile Etnográfico “A Nossa Gente, a Nossa Identidade” foi uma iniciativa do Município de Lagoa em colaboração com as Juntas de Freguesia, associações, coletividades e grupos musicais do concelho, que teve lugar a 15 de outubro de 2016, em Lagoa. Este cortejo, que percorreu o coração da cidade de Lagoa, o seu centro histórico e locais emblemáticos, celebrando a identidade concelhia ao recriar e reviver tradições, costumes, profissões, saberes-fazer, alfaias e indumentárias de tempos cujas memórias estão em risco de desaparecer ou são demasiado remotas para que a sociedade atual se recorde.
Embora não pretendesse que o Desfile fosse uma replicação da Festa da Família Agrária, uma das mais importantes e grandiosas festividades e de grandes memórias da comunidade lagoense entre meados do século XX e o início da década de 1970, que congregava toda uma comunidade, do “povo” às elites abastadas, ao redor da devoção a Nossa Senhora de Fátima e dos rituais pagãos das colheitas de Maio, o evento não deixou de celebrar e recuperar a expressiva representação social dos sectores das atividades económicas primárias das diferentes freguesias-paróquia do concelho. Celebrando essa identidade comum, o desfile encetou uma viagem pelas comunidades agrícolas, piscatórias e industriais das povoações e lugares do concelho de Lagoa, incluindo aqueles já desaparecidos.
Considerando a importância do vinho e da vinha na matriz social e económica de Lagoa, em que a identidade concelhia e a história das gentes se cruzam nos meandros de um passado de forte produção vitivinícola, a iniciativa não podia deixar de ser pensada dentro da programação Lagoa, Cidade do Vinho 2016 e do ano temático do concelho. Nenhum outro espaço seria mais adequado para receber o convívio do final do desfile do que a Única – Adega Cooperativa do Algarve, onde muitas destas memórias foram perpetuadas.
O Desfile daria lugar à realização de uma gala homónima, que decorreu no Centro de Congressos do Arade, no Parchal, a 13 de janeiro de 2017. Esta Gala, que contou com atuações da Orquestra de Jazz do Algarve, fadistas, grupos de cantares populares, animações humorísticas, entre outras, teve a participação das coletividades do concelho, teve o propósito de homenagear figuras da cultura, desporto e política e encerrou as comemorações do ano temático de 2016 em Lagoa, subordinado à tradição e identidade cultural.
Festa da Família Agrária
A Festa da Família Agrária, ou do Trabalho, foi uma das mais importantes e grandiosas festividades e de grandes memórias da comunidade lagoense entre meados do século XX e o início da década de 1970.
Durante cerca de duas décadas, a Festa da Família Agrária foi uma grande manifestação de fé e do trabalho, numa paróquia essencialmente agrícola e, nessa altura, com uma das mais importantes adegas cooperativas do Algarve.
Era uma festividade religiosa católica e agrária, sob a égide da Paróquia e com o beneplácito da Diocese, sempre representada ao mais alto nível, e com uma representação social extraordinariamente expressiva ao nível dos sectores das atividades primárias, através das comunidades agrícolas e piscatórias da freguesia-paróquia, dos trabalhadores rurais de todos os lugares de Lagoa, dos pescadores e dos operários, que se uniam todos durante um fim-de-semana, em “Família”.
Assim, congregava toda uma comunidade (do “povo” às elites) ao redor da tradição já enraizada da devoção a Nossa Senhora de Fátima, mas onde a tradição cristã acabava por “recuperar” sempre os ancestrais cultos sacro-profanos da Primavera, os rituais pagãos das colheitas de maio, das “maias” das “espigas”.
Era a festividade precedida de um tríduo preparatório, constando de uma vigília a Nossa Senhora na capela do antigo convento de Nossa Senhora do Carmo. No Domingo, no velho convento, havia missa campal, geralmente presidida pelo bispo diocesano, a que se seguia a bênção das alfaias agrícolas e, depois, um enorme cortejo até à igreja matriz, numa procissão onde desfilavam representações de todos os lugares e sítios da Paróquia. Era um acontecimento único.
A Festa da Família Agrária deixou de realizar-se por tornar-se inviável o percurso do enorme cortejo que movimentava toda a paróquia e atraía muitas outras comunidades, principalmente porque, devido à enorme participação, a circulação do trânsito na estrada nacional 125 ficava impedida durante mais de duas horas, entre a Adega Cooperativa de Lagoa e o Convento do Carmo, pelo que, a partir da década de 1970, com o aumento de tráfego na única estrada que atravessava o Barlavento algarvio, o trajeto deixou de ser possível.
Apesar de a organização ter alterado o percurso, tornando mais pequena a ocupação da estrada nacional 125, ainda assim o cortejo teve de ser suspenso por não haver uma estrada alternativa ao trânsito.
Com o fim da Festa da Família Agrária (também conhecida por festa do Trabalho ou Festa do Carmo) também deixou de realizar-se um grande congresso, com importantes conferências feitas por especialistas em diversas matérias, nos âmbitos da família e do trabalho, tratados nas suas mais diversas vertentes.
Adaptado de:
João Vasco Reis
História da Igreja de Lagoa. Nossa Senhora da Luz: 200 Anos de História e memória
2015, Lagoa: Paróquia de Nossa Senhora da Luz, Câmara Municipal de Lagoa, União de Freguesias de Lagoa-Carvoeiro
Padre António Martins de Oliveira
Uma vez mais… Poesia e Prosa
1993, Lagoa: Câmara Municipal de Lagoa